Amor vem de amor. Vem de longe, vem no escuro, brota que nem mato que dispensa cuidado e cresce com a mais remota chuva. Vem de dentro e fundo e com urgência. Amor vem de amor. Que não cabe, mas assim mesmo a gente guarda. A gente empurra, dobra, faz força, deixa amassado num canto, no peito, no escuro, dentro, ou larga pegando sereno. Amor vem de amor. Vem do pedaço mais feio, do mais sem palavra, do triste, vem de mãos estendidas. É tecido desfeito pelo tempo, amarelecido pelo tempo, pelo cheiro da gaveta fechada, pelo riscado do sol na madeira. Amor vem de amor. Vem de coisa que arrebata, vira chão, terra, cisco, resto, rastro, coisa para sempre varrida. É delicadeza viva forte violenta. Que faz doer, partir, deixar caído. Amor vem de amor. E dói bonito.
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Sempre apontei estrelas. Contando. Formando desenhos. Tentando alcançá-las. Surda as palavras simples da minha avó que alertava do risco das verrugas... Sorrio das superstições... Eis minhas mãos. Não tenho motivo para escondê-las. Apontei muitas estrelas...Construí algumas... Esse é meu ofício... Poupe-me dos conselhos... Sobre o ofício de construir estrelas verrugas são um risco... Mãos antes com verrugas que nos bolsos guardadas... Olhe- as: Mãos de construtora. Calejadas. Mas, sempre iluminadas. (Lia Araújo)
Permita que eu feche os meus olhos, pois é muito longe e tão tarde! Permita que agora emudeça. que me conforme em ser sozinha. Há uma doce luz no silêncio, e a dor é de origem divina. Permita que eu volte meu rosto para um céu maior que este mundo, e aprenda a ser dócil no sonho como as estrelas no seu rumo. (Cecília Meireles)
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